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Brincadeiras e costumes perigosos

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Hábitos familiares aliados a predisposições genéticas podem resultar em problemas ortopédicos em crianças, alerta especialista

Hábitos familiares aliados a predisposições genéticas podem favorecer o aparecimento de problemas ortopédicos em crianças. É o caso da Displasia do Desenvolvimento do Quadril, que tem mais chances de causar problemas quando a família costuma embrulhar o bebê de forma muito apertada em cobertores. De acordo com o médico ortopedista de Londrina, Marco Makoto, a incidência deste tipo de luxação é bem maior entre as populações que têm o hábito. 'Este é um problema em que a criança nasce com as articulações do quadril mais frouxas', explicou. 

A doença pode ser identificada pelo pediatra neonatologista logo após o parto: neste caso os pais são encaminhados para um ortopedista. 'Na avaliação do bebê, o médico observa se o quadril é estável ou se tem frouxidão excessiva, mas há casos em que o problema não é detectado', alertou. 

Conforme Makoto, estas são as situações mais preocupantes. 'Se os pais não souberem da displasia e tiverem o hábito de apertar a criança em cobertores com as pernas estendidas, o problema pode apresentar piora', destacou. 

Tratamento 

O tratamento para este tipo de problema é considerado simples. 'Recomendamos que os pacientes usem um tipo de suspensório. É uma órtese que precisa ser usada em tempo integral. O tempo de uso depende do caso de cada criança e da calcificação do osso do quadril', detalhou o médico. Ele alertou para tratamentos equivocados. 'Antigamente era recomendado que os pais colocassem uma fralda em cima da outra na criança. Hoje sabemos que além de não corrigir isso pode piorar a situação', destacou. 

Segundo Makoto, por desconhecimento, alguns médicos ainda passam este tipo de orientação, o que é negativo. 'Isso dá aos pais a sensação de estarem tratando um problema que pode piorar com o tempo se não tiver o tratamento adequado'. 

Sem identificação 

Para evitar este tipo de situação, Makoto orientou que os pais devem evitar embrulhar as crianças com as pernas estendidas. 'Se for necessário enrolar o bebê em um cobertor, isso deve ser feito com as pernas semi-flexionadas e não precisa apertar muito a criança. Esta já é uma forma de prevenir que aquelas que possuem predisposição genética para a displasia desenvolvam o problema', disse, acrescentando que desta forma os pais também evitam a piora dos casos que não foram identificados pela equipe médica logo após o nascimento. 

De acordo com o médico, em alguns casos a criança já tem dez anos quando aparece no consultório do ortopedista com o quadril luxado. 'Este não é um problema que causa dor, portanto, não incomoda o paciente. Por isso as famílias demoram para perceber e procurar ajuda', disse. 

No entanto, Makoto destacou que se não for tratado o quadril acaba deformando a cabeça do fêmur. 'Por conta disso ele não encaixa na articulação o que faz com que a criança fique com uma perna menor do que a outra e não consiga fazer atividades físicas', destacou. 'Em alguns casos é preciso fazer cirurgia, mas o procedimento não corrige 100%', completou.

Michelle Aligleri 
Reportagem Local

Folha de Londrina | 11/04/2012

Autor

Dr Marco Makoto Inagaki

Dr Marco Makoto Inagaki

Ortopedista e Traumatologista, Dor

Pós-doutorado em Intervencionismo em Dor no(a) Hospital Israelita Albert Einstein.